sexta-feira, 4 de janeiro de 2008

Estou necessitada

Em fevereiro vencem minhas férias.
Ano passado passei quase um mês na casa dos meus pais em Buenos Aires. Foi muito bom, mas não foram férias com maiúsculas em negrito, daquelas planejadas, imaginadas, sonhadas.
É dessas que preciso. De verdade.
Estou estressada com o trabalho, com a rotina, com os planos para o futuro, com a necessidade de tomar decisões, com as responsabilidades, com a vontade de mudar de planeta ou ao menos de cidade. Com os sonhos de vida que não sei ao certo como começar.
Preciso de férias. Daquelas que compramos passagem, pensamos no que colocar na mala, vamos ao aeroporto, desembarcamos num lugar desconhecido. Onde aos olhos de turista tudo é perfeito, tudo é lindo, nada aborrece. Longe de contas, de cachorros com fome ou vontade de passear, de dia de tirar o lixo, dia da Maria, dia dos recicláveis. Longe dos engarrafamentos que já sabemos em que trechos acontecem. Dos faróis que sei serem demorados o suficiente para tirar as sobrancelhas usando o espelho retrovisor.
Ou seja: longe de mim mesma. Da Elena do dia-a-dia. De tudo que me impede ver com clareza o que quero e o que preciso fazer. Dessa mesma névoa que nos tira a coragem de fazer o que sabemos ser o melhor, o mais correto e o necessário.
Ontem uma amiga que está morando em Portugal desde maio de 2007 ligou para desejar feliz ano novo. Eu estava "a passear" com a Lila, então ela voltou a ligar mais tarde. A conversa foi curta, porém produtiva. Novamente ela insistiu que eu devo ir visitá-la. Confesso que pela primeira vez pensei (e estou pensando) seriamente no assunto. O custo assusta, é verdade. Bastante quando envolve planos que aos olhos de terceiros parecem meio suicidas e que requerem economizar, não gastar. Mas não faz mal, melhor gastar com isso que com anti-depressivos.

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